Reportagens

“A TRABALHAR PARA PROMOVER UMA GESTÃO PROFISSIONAL”

Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara Municipal de Santarém, defende a promoção de ações de planeamento e gestão florestal com a função de produção e rendimento.

Como se caracteriza a floresta no concelho de Santarém?

Os espaços florestais (onde também se incluem as áreas de incultos) localizam-se sobretudo na parte Norte e representam 22,6% da área total do concelho, destacando-se a freguesia de Alcanede com a maior percentagem. Neste quadrante do concelho, mais precisamente a Noroeste, as áreas de inculto intercalam com as superfícies construídas.

Atendendo às espécies florestais em povoamentos puros, a espécie dominante é o eucalipto que, com 7013,9 ha, ocupa mais de metade da área florestal do concelho (56,1%), confirmando a larga expressão e expansão desta cultura e a realidade de transformação florestal do concelho. A segunda espécie florestal mais representativa é o pinheiro-bravo, que ocupa uma área bastante mais reduzida que o eucalipto – 1529,9 ha e representa cerca de 15,3% – e tem visto a sua ocupação diminuir ao longo da última década. As restantes espécies florestais em povoamento puro que marcam presença no território são o sobreiro (7,4%), o pinheiro-manso (2,6%), a azinheira (2,5%) e outras espécies residuais, onde estão incluídos o carvalho e o castanheiro (1,2%).

De que forma a floresta de produção está a contribuir para a gestão ativa da área florestal do concelho?

A produção florestal é de grande importância nas funções desempenhadas pelos espaços florestais, pelo que estamos a trabalhar em conjunto com as Juntas de Freguesia, a Entidade Gestora das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), o ICNF e a Assessoria Técnica Especializada, para o desenvolvimento das funções de produção, de proteção e de pastorícia e caça, visto que a sua complementaridade pode aumentar e melhorar a produção associada aos espaços florestais.

Por isso, o Município de Santarém está a trabalhar na dimensão florestal, existindo sete ZIF no concelho, com o objetivo de promover uma gestão profissional e adequada às necessidades dos aderentes. No passado foi trabalhado o aumento da resiliência do território aos incêndios, pela sua ligação ao ordenamento deste, como o planeamento de redes de faixas de gestão de combustível, dando prioridade às zonas com maior vulnerabilidade aos incêndios e a existência de rede viária florestal. No presente, a prioridade deve ser a promoção de ações de silvicultura preventiva e a promoção do planeamento e gestão florestal com a função de produção e rendimento.

Que projetos estão a ser desenvolvidos pela autarquia para a promoção da floresta?

É fundamental procurar forma de financiar a execução de ações de gestão de combustível e identificar parceiros para o investimento na correta gestão e produção florestal, por forma a criar rendimento e, assim, tentar inverter o abandono da propriedade rural, especialmente a floresta, promovendo uma gestão florestal ativa e sustentável, do ponto de vista económico, e geradora de bem públicos, ambientais, paisagem e lazer.

A importância da atividade cinegética traduz-se na utilização dos espaços florestais para a sua prática e contribui para a valorização desses mesmos espaços florestais.

“É fundamental procurar forma de financiar a execução de ações de gestão de combustível e identificar parceiros para o investimento na correta gestão e produção florestal, por forma a criar rendimento e, assim, tentar inverter o abandono da propriedade rural”, afirma Ricardo Gonçalves.

Artigo publicado originalmente na revista n.º 12, de dezembro de 2023, que pode descarregar aqui. [https://produtoresflorestais.pt/quero-receber-a-edicao-da-revista-em-papel/]